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Sete sinais claros que indicam o fim de um relacionamento

Você tem algum desses sintomas? Chegou a hora de ir a um sexólogo

Com a educação sexual como assunto a se resolver, muitos ainda resistem em consultar sexólogos



A figura do sexólogo lembra um pouco a do psicólogo e do psiquiatra de muitos anos atrás. As pessoas custavam a reconhecer que precisavam ir a esses profissionais e mantinham suas sessões em segredo. As feridas da alma se tornaram tão cotidianas nesse mundo cruel que ninguém se atreve a questionar que alguma vez ele mesmo irá precisar desses cuidados. O que, entretanto, ainda mantém certa dose de tabu é a ideia de ir à consulta de um sexólogo, porque nesse país de machões e bombas sexuais, reconhecer que se tem problemas na cama é como ficar totalmente nu. E nem todos são partidários do nudismo.

Muitos ainda têm a ideia de que o sexo é algo instintivo; entre eles as autoridades competentes, que não acham necessário um programa de educação sexual nos colégios. O que sabemos de sexo, portanto, é o que experimentamos diretamente, o que vemos nos filmes pornô e nos relatos que os mais íntimos nos contam, condimentados com um certo nível de literatura e fantasia. O adubo perfeito ao cultivo de ideias incorretas, traumas nascidos do imaginário coletivo e medos injustificados; porque se alguma vez existiu algum tipo de educação sexual ele sempre foi orientado à assepsia, ao contágio, à prevenção de doenças, ao choro e ao ranger de dentes. Nunca ao prazer, à comunicação em casal e ao cultivo dessa delicada e exótica flor que é o desejo.

A medicina oficial também não contempla muito o sexo. Os médicos, com pouco mais de dez minutos para atenderem a cada paciente, podem nos perguntar se dormimos bem, se vamos ao banheiro regularmente e qual é nossa alimentação, mas quase ninguém se interessa por nossa vida sexual, como se essa não fizesse parte de nossa saúde, como se fosse um divertimento sem muitas consequências.

De modo que quando alguém tem um problema sexual, segundo Iván Rotella, diretor do Astursex, centro de atenção sexológica em Avilés e membro da Associação Estatal de Profissionais da Sexologia (AEPS), “as pessoas levam em média de 6 meses (se for uma mulher) a 5 anos (se for um homem), no caso de terem um relacionamento, para consultarem um profissional. Se estão sozinhos, sem nenhuma relação, então eles vão antes delas. O difícil, quando se tem a necessidade de um sexólogo, é tirar o telefone do gancho e marcar a consulta. Um dos fatores dessa mudança foi a crise econômica, que fez com que nossas consultas aumentassem em 20%. Os sexólogos são mais baratos do que os advogados e o custo econômico de uma separação pode ser muito alto. Antes as pessoas se separavam quando ocorriam problemas; agora, se as coisas não estão muito ruins, tentam recuperar a relação”.

Essa vertente de consultor, de terapeuta de casais, é uma das muitas tarefas desse profissional, mas não a única. Francisca Molero, sexóloga, ginecologista, diretora do Institut Clinic de Sexologia de Barcelona, do Instituto Ibero-americano de Sexologia e presidenta da Federação Espanhola de Sociedades de Sexologia, enumera muitas mais, “quando se fala na Espanha da figura do sexólogo, as pessoas costumam relacioná-la a um psicólogo; já que tendem a pensar que a maioria dos problemas sexuais deriva do terreno mental, mas isso não é de todo certo, já que também existem muitas disfunções sexuais.

O que acontece é que os dois campos estão muito ligados. Um problema físico não resolvido pode acabar em um psicológico e de casal e o contrário, como acontece muitas vezes com o vaginismo, quando tem sua origem em abusos e experiências sexuais ruins. A sexologia é uma ciência que estuda tudo o relacionado à sexualidade humana. Nossos pacientes podem ser desde jovens que não têm muito claro sua orientação sexual e que procuram conselho, problemas de falta de desejo (os mais frequentes, tanto em homens como em mulheres), transtornos do orgasmo e da ereção, vício ao sexo e assexualidade, vítimas de abusos e violência doméstica, pedófilos e, ultimamente, crianças transexuais que trazem seus pais em busca de ajuda para entender e lidar melhor com sua realidade”.

No setor dos problemas de relação, “o mais comum é o casal que caiu na rotina e procura reavivar a paixão e o desejo”, diz Molero, “mas também existem relações rompidas que procuram um mediador. Alguém que os acompanhe no processo de ruptura para que ele seja menos doloroso. Existem também pessoas que, sem ter nenhum problema, procuram melhorar sua vida sexual; e os que, após uma longa doença como o câncer, querem recuperar sua dimensão erótica. Algo que em muitos casos passa por reformular a ideia que tinham do que é uma relação sexual”.

Acreditamos no que acontece nos filmes pornô
O mecanismo geral de atuação, quando existe algum problema sexual, reflete a potencial capacidade de adaptação do ser humano às situações mais inóspitas e à pouca importância que se dá ao prazer e ao hedonismo em nossas vidas. Se algum assunto erótico perturba nossa existência, iremos primeiro falar com nossos amigos mais próximos e tentaremos buscar soluções por nossa conta. “E tudo bem com isso”, diz Molero, “mas se a pessoa não encontra uma solução, acaba se conformando com uma sexualidade muito limitada. É o caso do vaginismo, uma das doenças que causam mais angústia porque a contração dos músculos vaginais torna a penetração impossível. A média de espera para se buscar um profissional é de 5 a 6 anos. Os casais procuram recursos e recorrem à masturbação mútua, o sexo anal, qualquer prática que não implique no coito. E isso serve para eles. Curiosamente, muitos casais decidem ir ao sexólogo quando querem ter filhos e ela pretende engravidar”.

Iván Rotella ressalta a ideia de que “deveríamos nos preocupar mais com nosso prazer, levá-lo em consideração e dar a ele o mesmo status que tem nossa saúde”. Em sua consulta, 50% de seus pacientes vão porque sofrem alguma disfunção, “nos homens tudo o relacionado ao pênis e nas mulheres a falta de desejo”. Fora do erótico, os outros 50% vão por problemas de relação de casal. “Na Espanha os casais precisam aprender a discutir, a lidar com seus problemas e a evitar que a rotina acabe no comando. Ultimamente recorrem aos nossos serviços muitos casais com diferentes horários de trabalho (a maioria trabalha por turnos), algo que está repercutindo muito negativamente em sua relação, já que não têm espaços para se encontrarem”.

No lado oposto aos desleixados, aos que postergam sua vida sexual a outras reencarnações por conta do trabalho, dos filhos e de qualquer outra desculpa, estão os hipocondríacos do erótico, que se autodiagnosticam com uma disfunção se não podem imitar Nacho Vidal. “Nessa esfera, a queixa mais comum entre os homens é não poder aguentar o tempo que eles consideram ‘ideal’ antes de ejacular. Existem muitos pretensos ejaculadores precoces que não o são por uma falsa ideia do que é uma relação sexual, fomentada em muitos casos por uma interpretação errônea da pornografia”, diz Rotella. “Muitas mulheres vêm porque querem realizar determinadas práticas que acham que devem executar, como por exemplo o sexo anal, mesmo não sendo prazerosas a elas. Tudo isso poderia ser evitado com uma educação sexual adequada, que não se reduz a ensinar as pessoas a colocarem uma camisinha, mas muito mais do que isso, e que passa também por uma educação sentimental”, diz o sexólogo.

“Se as pessoas se dessem conta de que a sexualidade é uma aprendizagem e, evidentemente, se existisse uma boa educação sexual nas escolas muitos problemas acabariam”, afirma Molero. Desde ideias errôneas sobre sexualidade a maus-tratos e violência doméstica. Conhecer o próprio corpo e saber suas reações é uma matéria a se resolver, existem muitas mulheres que não sabem se tiveram um orgasmo ou não. Em muitos casos não são anorgásmicas, mas têm expectativas muito altas e acham que o que experimentam é pouco comparado à sua ideia irreal do que é o clímax”.

Os dois profissionais têm a mesma opinião de que antes de ir a um sexólogo é preciso se informar um pouco e escolher alguém recomendado por uma associação de sexologia. “Os tratamentos podem ter até 10 ou 12 sessões. Geralmente em sexologia se utiliza muito a terapia cognitiva-comportamental, que é a que dá melhores resultados, mas em nosso centro fazemos uma mais integradora e incorporamos elementos da Gestalt, da terapia breve estratégica, do Sexocorporel e da hipnose Ericksoniana”.

Por que às vezes ficamos tristes após um bom sexo?

Mesmo os encontros mais prazerosos podem trazer consigo um pouco de tristeza, vulnerabilidade ou vazio. E os estudos mais recentes demonstram que os homens também sofrem dessa síndrome



Um dos muitos clichês do imaginário pós-sexo é o da mulher sensível e chorosa que verte algumas lágrimas depois do ato sexual, e agora mesmo me vem à cabeça a cena do after de As Pontes de Madison (1995), em que uma lagrimosa e triste dona de casa pede ao fotógrafo da National Geographic que lhe fale de algum lugar que ele tenha visitado, e ele escolhe a Itália, a pátria da protagonista. Mas certamente estou me esquecendo de muitas outras cenas do cinema com o mesmo argumento. Ele fuma um cigarro ou grava uma nova marca na coronha do seu revólver (metaforicamente falando, claro); enquanto isso, a mulher verte lágrimas de felicidade, culpa, vergonha ou arrependimento. Talvez tenha descoberto o prazer e percebido quanto tempo perdeu até agora, ou então os imperativos morais que lhe foram inculcados desde menina se fazem subitamente presentes, cobrando sua fatura. Ou pode ser que as expectativas tenham sido tão altas em comparação com a dura realidade que o golpe doa, ou que se confirme a teoria de que os sentimentos não são correspondidos como se esperava. A tristeza pós-sexo pode ter tantas explicações como indivíduos, embora não seja um assunto que tenha suscitado o interesse da ciência e, portanto, não se saiba muito a respeito dela.

Mas pelo menos ela já tem nome: disforia pós-coital, que denomina essa onda de tristeza, frustração, sensação de vazio ou medo do abandono que inunda algumas pessoas depois de praticarem o sexo, mesmo que ele tenha sido altamente prazeroso e com o parceiro desejado. Não dizem os franceses que o orgasmo é la petite mort (“a pequena morte”)? Não é verdade que cada morte, por menor que seja, exige seu funeral e suas lágrimas?

Recentemente, a revista The Journal of Sex & Marital Therapy publicou um estudo feito pela Universidade Tecnológica de Queensland (Brisbane, Austrália) que revelou que os homens também sofrem desse transtorno. A pesquisa, que incluía mais de 1.200 homens de diferentes países (EUA, Austrália, Reino Unido, Rússia, Nova Zelândia e Alemanha), chegou à conclusão de que 41% dos participantes haviam experimentado em algum momento de suas vidas essa tristeza passageira depois de transar; outros 20% admitiram que isso havia lhes ocorrido nas quatro semanas anteriores, e 4% declararam que isso lhes acontece com certa regularidade.

Em 2015, a revista The Journal of Sexual Medicine havia publicado outro estudo sobre o tema, dessa vez focado exclusivamente nas mulheres, com resultados ainda mais expressivos. Nesse trabalho, 46% das mulheres admitiam ter sentido sintomas de disforia pós-coital pelo menos uma vez na vida; 22% diziam sofrê-la de maneira mais habitual, e 5% a haviam experimentado várias vezes no mês anterior ao estudo.

A explicação biológica
Alguns especialistas procuram uma explicação química para esse fenômeno. Denise Knowles, terapeuta sexual e psicóloga de casais, por exemplo, relacionava num artigo no The Independent o estado de ânimo com a explosão de hormônios que inundam o organismo durante o sexo (endorfinas, oxitocina e prolactina). Segundo ela, o orgasmo libera uma grande quantidade de hormônios que promovem o vínculo afetivo e a sensação de bem-estar. Mas seus níveis se reduzem depois do orgasmo, voltando aos patamares habituais, o que causa um pequeno desarranjo.

Outros vão ainda além, como o psiquiatra Richard Friedman, que relaciona esse sentimento de tristeza e vulnerabilidade com a atividade da amígdala cerebral. Uma área do cérebro que regula emoções como medo, angústia e ansiedade. Friedman descobriu que sua atividade praticamente desaparece durante o sexo. Sua hipótese é que a reativação dessa área após o orgasmo traz de volta a angústia. Ou seja, o sexo inibe o vínculo das pessoas com seus problemas e medos por alguns instantes. Algo como as férias e a síndrome pós-férias que muitos experimentam depois de voltar ao trabalho.

Já a sexóloga e psicóloga Gloria Arancibia Clavel enfatiza mais os aspectos psicológicos ao falar sobre esse fenômeno. “Dar nome a uma coisa já é sinônimo de patologização, e eu não acho que seja um problema que afete a maioria das pessoas. Muito poucas pessoas comentam sobre isso durante a consulta. Outra coisa que me incomoda é o adjetivo pós-coital, que coloca a penetração como elemento central e já sabemos que uma relação sexual não precisa necessariamente incluí-la. Também não se sabe se os estudos levaram em consideração homossexuais e bissexuais; e, para terminar, experimentar certa tristeza ou emoção não precisa ser algo negativo. Pode induzir à reflexão ou introspecção. Pessoalmente, acredito que o lado hormonal, embora exista, afeta muito pouco e que as causas são mais culturais ou psicológicas. Com exceção, é claro, de quem sofreu abuso sexual, mas isso seria porque já existe um trauma anterior.”

Rosa, heterossexual, de 58 anos, Madri, reconhece ter derramado algumas lágrimas depois de um encontro. “Especialmente por causa da emoção. É como quando você vê uma notícia ou um filme e chora, mas isso não me incomoda, pelo contrário.”

O 'pós-sexo' são as preliminares da próxima relação
Dos diferentes estágios do ato sexual (desejo, excitação, platô, orgasmo), o estágio posterior é o menos estudado pela ciência e o menos cultivado entre os amantes. “No entanto”, diz Arancibia, “eu a trabalho muito, especialmente em casos de falta de desejo, porque o pós-sexo são as preliminares da próxima relação, e a falta de desejo tem muito a ver com experiências anteriores. Nós não sabemos como terminar o jogo e cometemos muitos erros. Existem todas as construções culturais em torno do sexo com suas falsas expectativas. Também temos medo de expressar ou sentir afeto, de sermos tachados de inseguros ou que pensem que “ficamos muito apegados”. Há também, neste aspecto, muita falta de auto-estima, “eu não mereço”, e até mesmo ignorância da fisiologia ou da resposta erótica. Por exemplo, os homens tendem a adormecer mais cedo porque seu processo de excitação é diferente do das mulheres. Eles sobem muito rápido e também caem de repente e isso os deixa sonolentos. A mulher volta mais devagar, o que também lhe dá a capacidade de ser multiorgásmica. Portanto, se ele dorme antes, não é porque ele é egoísta e não se importa com sua parceira.”

Na opinião dessa sexóloga, uma das missões mais importantes do sexo é a conexão afetiva, que geralmente é feita nesse estágio.

A maioria das experiências de Rosa, ao longo da vida, com o pós-sexo são traduzidas como “homens correndo para ir embora”. Não pode ficar um pouco mais, para conversar? É como se estivessem pensando “vamos ver se vai acreditar em alguma coisa!” Muitos estão na defensiva e é como colocar o esparadrapo antes da ferida. Talvez seja o típico medo de compromisso que faz com que alguns sejam extremamente secos. Não há razão para ser assim. Nem mesmo com sexo casual. Você pode não ver a outra pessoa novamente, mas não há nada de errado em demonstrar algum afeto e adotar uma etiqueta sexual.”

Há também o vazio após qualquer missão cumprida. E aqueles que concebem o sexo como uma competição (homens e mulheres) na qual é preciso fazer muitas performances com o maior número possível de parceiros podem ser mais suscetíveis a esse sentimento de vazio. O capitalismo sexual exige quantidade sobre qualidade, consumo e produtividade. É como os acometidos pela febre consumista, nunca se sentem totalmente satisfeitos com suas compras. Há sempre uma liquidação à qual você tem que ir, uma nova loja que abriu, um novo item imprescindível em suas vidas absurdas, mas caras.

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